terça-feira, 12 de abril de 2016

A margem de erro

Sondagem AXIMAGE - Abril 2016

Surpreendeu-me a excitação provocada nalguns círculos à direita pela última sondagem da Aximage, publicada pelo Correio da Manhã e pelo Jornal de Negócios.
 
Devo dizer que, da minha experiência, habituei-me a respeitar as sondagens da Aximage: são as que erram menos e acertam mais. A minha reserva não é, portanto, por desconfiança; mas por não ver nos números quaisquer motivos para festas. Os comentários festivos e celebratórios, porém, abundaram.
 
Racional e objectivo foi Nuno Garoupa, que, num post no Facebook, comentou: «tudo na mesma seis meses depois das eleições... os 38,6% do PàF dividem-se agora em 33,5% do PSD e 4,3% (sic) do CDS.» E, na verdade, se formos ver os números da sondagem do mês anterior, o quadro é substancialmente o mesmo: então, os 38,6% do PàF dividiam-se por 36,1% do PSD e 2,2% do CDS.
 
Em resumo: a coisa não mexe.
 
Olhando ainda aos números, não vejo que alegria se possa sentir no PSD por baixar de 36,1% para 33,5%, nem tão-pouco no CDS por "subir" de 2,2% para 4,2%. Será que ter previsões de 4,2% são motivo de festa? Ou antes motivo de preocupação?
 
Nem os números pessoais de Assunção Cristas (13,1 pontos, numa escala de 20) servem de consolação, mesmo comparando com a última avaliação anterior de Paulo Portas (apenas 6 pontos). Primeiro, normalmente, os novos líderes recebem sempre primeiras avaliações muitos positivas, que, depois, entram em declínio - é, portanto, indispensável aguardar pela evolução nos próximos meses. Em segundo lugar, estas avaliações dizem muito pouco - Paulo Portas, por exemplo, que, na Aximage, via sucederem-se as avaliações negativas, aparecia, quase sempre, em alta no painel da Eurosondagem. E, terceiro, a "popularidade" dos líderes pouco ou nada tem a ver com a votação atribuída aos partidos, como podemos confirmar por todos os casos apresentados neste mesmo exemplo concreto.
 
Mais importante - e objectivo - é atentarmos, quanto ao CDS, na margem de erro da sondagem. A margem de erro apresentada na Ficha Técnica é de 4,0%. Ou seja, o CDS tanto pode ter subido como descido face à sondagem anterior. No anterior inquérito, tanto podia valer 6,2% como ter passado para abaixo de zero. E, neste, tanto pode valer 8,2% como 0,2%, ou qualquer valor intermédio.
 
É muito arriscado - e um bocadinho tolo - querer tirar conclusões de sondagens quanto a partidos com baixa expressão numérica. E festejar estes números, quanto ao CDS em particular, só pode partir de quem queira mal ao CDS.
 
O CDS continua a aparecer como o quinto partido, o que é muito mau. Foi aí, aliás, que a direcção anterior o deixou: lanterna vermelha parlamentar.
 

1 comentário:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

É muito arriscado - e um bocadinho tolo - querer tirar conclusões de sondagens quanto a partidos com baixa expressão numérica. E festejar estes números, quanto ao CDS em particular, só pode partir de quem queira mal ao CDS.



O CDS continua a aparecer como o quinto partido, o que é muito mau. Foi aí, aliás, que a direcção anterior o deixou: lanterna vermelha parlamentar.