sábado, 21 de fevereiro de 2015

Interrogações e desafios no Serviço Nacional de Saúde


Pelo Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, que envolve os mais variados indicadores (Saúde, Rendimentos, Educação, Pobreza, Mortalidade Infantil, Sucesso Escolar...), usufruímos hoje de vidas mais longas do que alguma vez tivemos e com mais oportunidades, embora haja exceções. No entanto, a situação na Europa e nos Estados Unidos, desencadeada pela negligência grave da regulação financeira, provocou, a partir do ano de 2008, o colapso de várias instituições com as consequências que conhecemos.

Assistimos na Europa, e concretamente em Portugal, a perda de poder económico de uma classe média que possui décadas de prosperidade. Uma classe média que deixou de ter paciência, mais informada e intolerante para com o Governo, que não é capaz de produzir mudanças políticas, para além do que lhe é imposto pela TROIKA.

A vida das pessoas em Portugal não melhorou. Pelo contrário, é infinitamente pior à vivida na primeira década do século XXI.

Infelizmente, assistimos a um fluxo de mobilidade de Portugueses mais jovens e não só, procurando uma qualidade de vida que entre nós não é opção. O fluxo migratório pode ajudar a mudar a economia, mas seguramente transforma uma boa parte das famílias.

Os esforços feitos pelos responsáveis políticos não tiveram êxito na melhoria do bem-estar das famílias; existe consciencialização de que as expectativas foram defraudadas. Daí até ao declínio da confiança no Governo é um passo acelerado.

Poderíamos citar muitos acontecimentos. Recentemente observámos um bom exemplo: a reivindicação revolucionária numa das salas da Assembleia da República, feita por um cidadão que se sentia privado do tratamento de uma doença crónica, até aqui incurável (Hepatite C).

A mudança comportamental do responsável político foi por demais evidente; os efeitos que se provocaria eram imprevisíveis, se o bom senso não ditasse lei.

As barreiras tradicionais e de burocracia dão jeito ao poder. Hoje assistimos ao baixar dessas barreiras e ao aparecimento de cidadãos esquecidos, que tentam arranjar forma de contrariar as grandes organizações. Portugal e a Europa estão a mudar. Na Saúde, por muita boa vontade que exista nos responsáveis políticos, assistimos: a demissões de responsáveis médicos, a tratamentos de doenças crónicas adiados, a falta de camas de cuidados continuados, a atraso na reforma dos cuidados de saúde primários, a irresponsabilidade na prevenção... – podemos preencher páginas com a realidade que vivemos.

Certo e sabido, não se conseguiram mobilizar profissionais de saúde e exigir responsabilidade a quem coordena as instituições.

A reforma do Serviço Nacional de Saúde corre riscos de apagamento. As missões de governar, organizar e dinamizar carecem de métodos e atitudes distintas.

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