quinta-feira, 6 de março de 2014

Europa e "periferia mental"


Há vários anos que, quase voz isolada, trabalho contra o que chamo a nossa crónica "periferia mental" relativamente à Europa e à política europeia: ligamos quase nada, debatemos pouquíssimo, sabemos muito pouco. Considero que essa é uma das nossas maiores pechas na União Europeia, um dos factores do nosso atraso. 

Hoje, pelo jornal i, conhecemos uma sondagem que nos dá o retrato actualizado da coisa:

  • «Apenas 14% dos portugueses dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com a democracia em Portugal e a mesma percentagem repete-se no que diz respeito à satisfação com a democracia nas instituições europeias - números que fazem de Portugal o Estado-membro mais descontente da União Europeia (UE).»
  • «Esta insatisfação parece ter correspondência directa com o interesse nacional por temas europeus, já que o país ocupa a penúltima posição no interesse sobre o que é discutido em Bruxelas.»
  • «No interesse que os europeus têm sobre os temas discutidos no seio da União Europeia, os portugueses estão no fundo da tabela. Colocam-se nos 29%, sendo a média europeia de 43%.»
  • «Só 36% dos portugueses consideram que pertencer à União Europeia é "uma coisa boa".»

A coisa não melhorou, portanto, nestes últimos anos. Piorou até nalguns aspectos. E, à partida para as eleições europeias, os primeiros discursos e tiros de partida não vão no sentido de suprir esse défice. Antes talvez de o agravar.

Vamos certamente voltar a ouvir que "as pessoas não sabem para que é que vão votar". E caminharemos para uma indiferença enorme e uma abstenção gigante. 

Sendo estas as sétimas eleições directas para o Parlamento Europeu desde a nossa adesão, esse desabafo cíclico é um sintoma estrondoso do fracasso da politica. É pena. Perdemos imenso com isso.

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