quinta-feira, 11 de abril de 2013

Crise do Sporting? Do futebol? Ou crise geral?


Poucos dias depois de eleições, voltam a ouvir-se as vozes de crise no Sporting Clube de Portugal. Regressou o clamor que os adeptos desejavam afastado para longe e por muito tempo. Já há quem fale de novas eleições dentro de dois meses. Há denúncias de que se quer "afogar" o novo presidente e de haver um "campo minado", enquanto o próprio presidente admite que quererão tirar-lhe o tapete e terá ameaçado demitir-se

Por detrás de tudo, estão a muito difícil situação financeira e as negociações com a banca, que se sabe ser em muito duras, tendo como pano de fundo uma auditoria à gestão anterior - sim ou não? - e os recursos totalmente comprometidos como garantias, num quadro de hipoteca geral. O quadro não é novo, antes pelo contrário. O novo está apenas em que... não mudou, não muda. 

A crise do Sporting Clube de Portugal deveria ter feito soar, há muito, as campainhas de alarme entre quem manda - ou devia mandar - no futebol nacional e superintender no desporto português. Impressiona que este enredo de doença profundíssima tenha atingido, já e tão profundamente, um dos três "grandes", assim chamados. Eram quatro "grandes" até há pouco, lembram-se?  

O rol de clubes destruídos por este tipo de peripécias não tem cessado de engrossar: Salgueiros, Farense, Estrela da Amadora, União de Leiria. Outros mudaram radicalmente de vida como o Campomaiorense, enquanto outros mergulharam no abismo e procuram recuperar, como o Boavista. E os fantasmas da crise atormentaram ou atormentam outras marcas fortes como Belenenses, Vitória de Setúbal e Olhanense. A lista da aflição é mais longa. Chegou ao topo com o Sporting. Não é difícil imaginar que, se surgir algum abalo significativo, possa também escancarar e pôr a nu debilidades do Benfica e do Porto.

Por isso, desde pelo menos 2003, que sustento a necessidade de um Livro Branco do Futebol, expondo as razões por que falharam vários mitos "empresariais" e de "gestão-maravilha" do desporto profissional e servindo de base a uma reforma sustentada e sustentável do sistema desportivo entre nós.

Mas o mais curioso é como a crise sportinguista e, em geral, a do futebol, é uma alegoria da crise mais profunda que afecta todo o país - e a Europa. Também é uma crise de endividamento, com muita imprevidência e irresponsabilidade, e de modelo económico errado e insustentável. Não faltou muito oportunismo e alguma desonestidade à mistura, assim se tendo gerado um quadro geral de ruína financeira e de dependência de terceiros. Até no Sporting já se fala de troikas... E está a ver-se como nem eleições resolvem o problema. Pelo contrário: semeiam ilusões, aumentam a frustração. 

Nada disto é novo. E também não é por acaso.

1 comentário:

Leandro disse...

Subscrevo totalmente. Muitos esperavam uma grande mudança no sporting cp após as eleições, mas as coisas não são assim tão fáceis... Haverá um longo caminho pela frente, por certo.