segunda-feira, 2 de abril de 2012

A Nação mais antiga da Europa


Um dos argumentos mais absurdos que tenho ouvido serem usados para "justificar" o fim do feriado do 1º de Dezembro é o de dizer que o 1º de Dezembro não representa a independência de Portugal, porque somos a Nação mais antiga da Europa e Portugal não nasceu apenas em 1640.

O argumento é tolo. Não é tanto por procurar usar um argumento aparentemente patriótico para pôr termo ao mais alto dos nossos feriados patrióticos. E também não é tanto pela razão já aqui escrita de que Portugal, de facto, poderia celebrar teoricamente a sua independência nacional com referência a diferentes datas em diferentes séculos; mas a verdade é que escolheu celebrá-la com referência ao 1º de Dezembro e assim estamos desde há mais de um século.

A maior tolice do argumento é não se dar conta que Portugal também deve a 1640 o facto de ser e poder dizer que é "a Nação mais antiga da Europa". 

Se não fosse o 1º de Dezembro, essa Nação não seria "a mais antiga": teria morrido em 1580 e não teria chegado até hoje. Madrid é que mandaria. Seríamos hoje, na melhor das hipóteses, uma "comunidade autónoma" do Reino de Espanha. Mas poderíamos até ter tido, entretanto, o nosso velho território retalhado entre Andaluzia, Extremadura, Castelha/Leão e Galiza e estarmos divididos e integrados nestas "comunidades" espanholas. Quatro séculos de contínuo domínio espanhol desde 1580 ter-nos-iam talvez apagado e possivelmente desfigurado.

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