quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sobre a extinção de feriados

Não sei em que pé se encontre a questão da eventual extinção de dias feriados em Portugal. Depois de algum ruído, o assunto parece ter saído dos noticiários. Sempre com poucas explicações. Não se sabe bem como surgiu, nem como sumiu - ou por que sumiu.

Não é matéria com que os portugueses - a começar pelos deputados - possam ser surpreendidos de repente. Independentemente das decisões a tomar a final, é  matéria que carece antes de ser atempada e cuidadosamente debatida. Cada feriado guarda longa tradição, enraizada na vida colectiva. Não é pequena coisa.

É claro que pode mudar-se. Seria estúpido não mudar, sendo para melhor. E mudar para melhor, aproveitando da experiência de outros, pode ser certamente oportuno. A competitividade e a produtividade do país e dos portugueses é, sem dúvida, um tema central de preocupação. Mas é preciso saber - e saber muito bem - como, o quê e porquê. Até porque foram faladas alternativas à eliminação de feriados e nada se sabe sobre se sim, se não, nem porque sim, ou porque não.

No mínimo, é indispensável, como já defendi, que os partidos da maioria parlamentar e do Governo debatam internamente, no quadro dos seus grupos parlamentares, senão mesmo dos respectivos Conselhos Nacionais, todas as questões envolvidas. E, para que o debate não seja estéril ou leviano, nem demagógico ou populista, dispondo antecipadamente dos seguintes elementos de informação objectiva:
  1. Um ponto de situação por parte do Governo sobre a matéria, indicando em que ponto esteja o processo.
  2. Indicação de quais os concretos objectivos nacionais que se quer atingir e porquê.
  3. Indicação dos prós e contras da abolição das diferentes datas de feriados e dias santos. 
  4. Avaliação dos motivos por que a mera eliminação de pontes não seja possível ou não atinja os objectivos pretendidos.
  5. Explicação da inexequibilidade da deslocação de alguns dias de descanso (independentemente das celebrações oficiais ou religiosas) para o domingo mais próximo (eliminação de feriado), ou a segunda-feira ou sexta-feira mais próxima (eliminação de ponte).
  6. Inventário comparativo do número de feriados nos países da UE-27 e da OCDE, bem como da forma como são celebrados e gozados.
Sem isto, tudo é estéril. Semeia-se inquietação e discórdia, alimenta-se demagogia e leviandade, e anda tudo a chover no molhado.

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